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Quando a formação vai além dos programas trainees

Entrar no mercado de trabalho não é fácil para a grande maioria dos jovens graduados. O que dizer daqueles que têm algum tipo de deficiência ou que vivem em vulnerabilidade social e que poucas oportunidades tiveram na vida?

Foi com o olhar voltado para esses jovens que a Belagrícola, empresa do agronegócio com sede em Londrina, desenvolveu dois projetos após contatos próximos com esses públicos para cumprimento das legislações que estabelecem cotas para deficientes e de aprendizes nas empresas. Desta forma, nasceram duas propostas, o projeto Integrar - Trainee Administrativo, voltado a jovens surdos e deficientes auditivos, e o Canora – Formação de Aprendizagem Profissional, com foco na educação, desenvolvimento pessoal e profissional de adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos que vivem em situação de desproteção social no município de Londrina.

“Constatamos que era preciso ir além dos programas normais de trainee para que inseríssemos esses jovens na empresa de forma que pudessem ter vantagens competitivas”, comenta Laura de Albuquerque Philippsen, gerente executiva de Gente e Gestão da Belagrícola.

Integrar

Laura Philippsen relata que o projeto Integrar nasceu em 2019 com um desafio lançado pela própria equipe: desenvolver profissionalmente as pessoas com deficiência que chegavam na empresa. “A Bela é uma empresa muito profissionalizada, trabalha com áreas de negócios específicas, com muita tecnologia, e gostaríamos que essas pessoas entrassem na empresa com vantagens competitivas e não apenas para cumprir a legislação,  exercendo atividades de auxiliares”, conta a gerente.

Partindo deste desafio, a equipe conheceu melhor o trabalho do Iles (Instituto Londrinense de Educação de Surdos) e a realidade dos surdos e deficientes auditivos. “A empregabilidade dos surdos é muito difícil e a maior barreira é a da comunicação, além do preconceito e do próprio sentimento deles de que não são capazes”, constata Laura.

Com o Integrar, direcionado à faixa etária de 17 a 36 anos, esse público mergulha nos negócios da Bela em aulas teóricas em libras e com técnicos da empresa durante 12 meses. Outros seis meses são dedicados à prática profissional na empresa. Hoje, a Belagrícola está na formação da segunda turma. Até agora, nove pessoas que passaram pelo projeto foram integradas ao quadro de funcionários, em áreas variadas. A empresa também ofereceu aulas de libras para seus funcionários.

Canora

O  Canora - Formação de Aprendizagem Profissional, nasceu em 2017 e sua criação partiu da constatação de que a formação dos jovens aprendizes não estava sendo eficaz dentro das especificidades da Belagrícola. “Nossas unidades são espalhadas e longe. Eles perdiam muito tempo em trânsito e o período deles na empresa é de apenas quatro horas”, argumenta Laura.

Assim, a equipe de Gente e Gestão entrou em contato com o Ministério Público do Trabalho, Vara da Infância e Juventude, Defensoria Pública e Guarda Mirim. Com essa parceria, foi desenvolvido o programa.

O diferencial do Canora é que prioriza os jovens entre 14 e 24 anos com alta vulnerabilidade, jovens em medida socioeducativa ou que foram retirados do ambiente familiar. Eles precisam de apoio social e emocional. O Canora é uma mudança de vida. Conta, inclusive, com acompanhamento familiar”, relata.

A principal ferramenta do Canora é a música. Ele está focado na aprendizagem profissional com prática de musicalização em ambiente simulado, já que as atividades acontecem nas instalações da Guarda Mirim.  Neste caso, os aprendizes têm um contrato de trabalho por prazo determinado de 16 meses.

“Este projeto surgiu da necessidade apresentada inicialmente pelos órgãos públicos de criar um ambiente de formação destinado aos jovens e adolescentes com menor possibilidade de transformação da sua realidade social”, relata Laura.

As formações são realizadas no prédio da Guarda Mirim e também com visitas e apresentações musicais nos ambientes da Belagrícola. Engloba práticas de iniciação e aperfeiçoamento em musicalização em instrumentos de metais de sopro e percussão. Além disso, no âmbito organizacional, o projeto tem um importante papel de conscientização da vulnerabilidade social que muitos adolescentes e jovens enfrentam, promovendo o diálogo e apontando novas perspectivas para superação desta realidade. Segundo Laura, há jovens que saem do programa trabalhando em empresas de vários segmentos e outros que continuam como músicos.

Em quatro anos e meio, sete turmas já concluíram o curso de aprendizagem, sendo que atualmente estão em formação duas turmas, totalizando 22 jovens. No total, aproximadamente 90 jovens já foram impactados pela formação.

Laura Philippsen destaca ainda que a Belagrícola foi pioneira no desenvolvimento do Canora, sendo que outras empresas da região aderiram à contratação de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, por meio da aprendizagem e da musicalização, impactando, positivamente, a vida pessoal e profissional de cerca de 130 jovens e adolescentes.

Reconhecimento

Em razão do sucesso e em reconhecimento ao Programa de Aprendizagem de Musicalização, em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Paraná, Ministério Público do Trabalho, Vara da Infância de Londrina e a Instituição de Aprendizagem Guarda Mirim de Londrina,o programa Canora foi indicado ao Prêmio de Inovação do Instituto Innovare  em 2018, 2019 e 2021, e ganhador, em 2020, do I Concurso em Práticas Defensoriais, promovido pela ADEPAR (Associação dos Defensores Públicos do Paraná).

 

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